O Globo, Brazil
Bush Must Control His Friends and Talk to His Enemies

It is a gesture that would demand considerable political courage, but that could get back some maneuvering room for the American government.


By William Waack*   

Translated By Brandi Miller

November 14, 2006
Brazil - O Globo - Original Article (Portuguese)    

 

Iranian President Mahmoud Ahmadinejad: Is it time
for President Bush to do business with his government?


—MEMRI VIDEO: Jaam-e JamTV, IRAN - President Mahmoud
Ahmadinejad says, 'The Western countries should pick the
Zionist regime up by its arms and legs and remove it from
the region; America and England are the enemies of the
Iranian nation,' Oct. 20, 00:10:41WindowsVideo



—BBC NEWS VIDEO: Interview with Syrian President Bashir
Al-Assad says U.S. lacks the 'will or the vision' to
pursue peace in the Middle East, Oct. 9, 00:23:08WindowsVideo


Syrian President Bashir Al-Assad: Is Syria the answer
to some of George W. Bush's Middle East nightmares?



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The best way out of Iraq for the defeated George W. Bush is to speak with his worst enemies. The advice given by Tony Blair was the genuine helping hand of a friend: come to an understanding with Syria and Iran. It is a gesture that would demand considerable political courage, but that could get back some maneuvering room for the American government.

It isn't necessary to like or support the regime of the Ayatollahs in Teheran to recognize that Iran has become the region’s principal power, with direct influence that extends to Herat, Afghanistan and Baghdad, Iraq, passing through a good part of Lebanon, via Hezbullah. For those that like history, it is more or less the same expanse shared 400 years ago by the last great Muslim empire [The Safavid Dynasty RealVideo] that had Isfahan, in the center of Iran, as its capital.

Excluding the noise made by the long-winded President Mahmoud Ahmadinejad, who is barely third in Iranian hierarchy, Iranians are much more cautious than the Americans when dealing with questions involving the Middle East. They are still a good distance from having The Bomb (which the Americans tolerate in the cases of India and Pakistan). What the Iranians want, mainly, is an end to financial and commercial sanctions in exchange for what the Americans most want in Iraq: some kind of stability.

While Iran thinks big and has time on its side (excluding a surprise Israeli attack), Syria is in a desperate situation. The political isolation of Damascus is grave, since the U.N. fingered the Syrian secret service as the principal mastermind of the assassination of Lebanon's former Prime Minister Rafiq Hariri. The event, which was carried out in Beirut, led to the withdrawal of Syrian troops from Lebanon after 29 years of occupation.

The Syrians have no oil or a nuclear program to use as a bargaining chip or pay their military expenses, but they are essential in coming to any sort of long-term understanding between Israel and the Arabs. Syrian influence in the Palestinian territories is heavy, and the major radical Palestinian groups fighting Israel, including Hamas, operate out of Damascus. In other words, Syria could contribute greatly to providing a relief in tension between the Arabs and Israelis.

It all seems very rational, doesn’t it? The first question to deal with is how to come to an understanding with Israel. The Iranian ascent is interpreted in Israel as a direct threat to the very existence of the Jewish State. Israeli commentators have pointed to an important fact in regard to the political psychology of the Israeli government: they see the world through the prism of the Holocaust (be it for electoral motives or not), and the words of Amhadinejad, preaching for the destruction of Israel, are taken literally. For Israeli politicians, it could not be otherwise.

More complicated still is the lack of political direction exhibited by Israeli during recent military events. Where former Prime Minister Ariel Sharon seemed to have as a main objective - unilateral withdrawal, unilateral establishment of boundaries and some type of stability - his successor appears confused. To the point that, according to the newspaper The New York Times, the White House has serious doubts about whether Ehud Olmert is sufficiently capable of political and military analysis.



[Guardian Unlimited, U.K.]


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A good part of the unconditional support that America has provided Israel stems from the religious right, which considers it a Biblical duty to be on the side of the Jewish State. It is this ideological component of American politics, side by side with the Jewish barbarity in dealing with the Palestinian conflict that has practically destroyed something that the United States still enjoyed 10 years ago: respect from both sides as a mediator.

The Middle East is complicated above all by the fact that no question (the Iraqi conflict, the Arab-Israel conflict, or Islamic radicalism) can be treated in isolation, yet no comprehensive solution is possible without each isolated conflict being resolved. Bush would now need extraordinary political audacity to put the breaks on his friends and start talking to his enemies. But so far he has shown only the impetuousness of ignorance.

Portuguese Version Below

Bush terá que controlar amigos e falar com seus inimigos

November 14, 2006

A melhor saída hoje do Iraque para o derrotado George W. Bush é falar com seus piores inimigos. O conselho dado pelo amigo Tony Blair foi mesmo um conselho de amigo: entenda-se com a Síria e o Irã. É um gesto que demanda considerável coragem política, mas que pode devolver ao governo americano um mínimo de margem de manobra.

Não é necessário que se goste ou que se apoie o regime dos aiatolás em Teerã para se reconhecer que o Irã tornou-se a principal potência regional, com uma influência direta que se estende de Herat, no Afeganistão, a Bagdá, no Iraque, passando por boa parte do Líbano, via Hezbollah (para quem gosta de História, é mais ou menos a mesma extensão do último grande império muçulmano que tinha Isfahan, no centro do Irã, como capital, uns 400 anos).

Excluindo-se o barulho feito pelo loquaz presidente Ahmoud Ahmadinejad, que é apenas o terceiro na hierarquia iraniana, os iranianos são bem mais cautelosos no trato das questões do Oriente Médio do que os americanos. Estão bem longe ainda da bomba (que os americanos toleram no caso da Índia e do Paquistão). O que os iranianos querem, principalmente, é o fim de sanções financeiras e comerciais, em troca do que os americanos mais querem no Iraque: algum tipo de estabilidade.

Enquanto o Irã pensa grande e tem o tempo trabalhando ao seu favor (salvo um ataque militar surpresa israelense-americano), a Síria está em situação quase desesperada. É grave o isolamento político de Damasco depois que a ONU apontou o serviço secreto sírio como o principal articulador do atentado que matou em Beirute o ex-primeiro ministro Hafiq Hariri, um evento que acabou levando à retirada das tropas sírias do Líbano, depois de 29 anos de ocupação.

Os sírios não tem petróleo ou programa nuclear para sustentar gastos militares ou oferecer como troca numa barganha, mas são essenciais para qualquer entendimento a longo prazo entre Israel e os árabes. É pesada a influência síria nos territórios palestinos e de Damasco operam os principais grupos radicais palestinos que combatem Israel, inclusive o Hamas. Em outras palavras, no terreno imediato do alívio das tensões entre árabes e israelenses a Síria poderia contribuir, e bastante.

Parece tudo isso bastante racional, não parece? A questão é como se entender, em primeiro lugar, com...Israel. A ascensão iraniana é interpretada em Israel como ameaça direta à própria existência do Estado judeu. Comentaristas israelenses têm assinalado um dado importante na psicologia de decisões políticas dos governos israelenses: eles enxergam o mundo através do Holocausto (seja por motivos eleitoreiros ou não), e as palavras de Ahmadinejad, pregando a destruição de Israel, são levadas ao da letra. Para políticos israelenses, não poderia mesmo ser de outra maneira.

Mais complicada ainda é a falta de direção política dos israelenses nos últimos acontecimentos militares. O que o ex-primeiro ministro Ariel Sharon parecia ter como ponto fixo -retirada unilateral, fixação unilateral de fronteiras e algum tipo de estabilidade- seu sucessor deixou confuso. A ponto de, segundo o jornal "New York Times", a Casa Branca ter sérias dúvidas se Ehud Olmert tem suficiente capacidade de análise política e militar.

Boa parte do apoio incondicional dos americanos a Israel vem da direita religiosa em casa, que considera um dever bíblico estar ao lado do Estado judeu. É esse componente ideológico da política americana para a região, ao lado da truculência israelense no trato do conflito com os palestinos, que praticamente destruiu uma condição da qual os Estados Unidos ainda desfrutavam 10 anos atrás: a de mediador respeitado pelos dois lados.

O Oriente Médio é complicado sobretudo pelo fato de que nenhuma questão (o conflito no Iraque, o conflito árabe-israelense e o radicalismo islâmico) pode ser tratada de maneira isolada, mas nenhuma solução abrangente é possível sem que cada conflito isolado seja resolvido. Bush precisaria agora de uma extraordinária audácia política para por um freio nos amigos, e falar com os inimigos. Mas até agora ele mostrou apenas a impetuosidade dos ignorantes.